sábado, 23 de abril de 2016

Se eu fosse homem

Eu não gostaria nada de ser homem, ou pelo menos desse perfil de homem muito másculo e viril que a sociedade impõe.

Ter um corpo forte, ser corajososo, ter habilidade para os desportos, evitar expressar os meus sentimentos, ter de me deitar com quanta rapariga há como se se tratasse duma competição, seria muito cansativo...

Bom, para aqueles homens que harmonizam com esse estereótipo e que apresentam todas as características próprias do perfil, a vida seria máis fácil. Dizem que quem vive na ignorância, vive mais feliz, não é?

No entanto, que passa quando um homem não cumpre com todos os requisitos?

Existem muitos homens frustrados, que lutam por chegar a ser macharrões, mas não conseguem!

Se fosse um homem que não gostasse de fútebol, seria a burla dos meus amigos homens, o que se acrescentaria caso simpatiçasse com a dança, o pilates ou a patinagem. E desse jeito, qual seria o meu plano para os domingos enquanto todos os meus amigos homens estivessem a ver o jogo no bar?

Se o meu corpo fosse muito magro e fraco, além de inábil para os desportos, fariam troça de mim, dizendo que sou mesmo um mariquinhas.

Se fosse também um homem feio, e por cima falto de atitude  no engate, possivelmente atrassaria as minhas experiências sexuais até os vinte e tal, sendo também objeto de escárnio na minha manada de colegas. A minha autoestima reduziria-se até o rés do chão, assim como as minhas faculdades de procriação.

Alem disso, teria também de me monstrar sempre duro e valentão. E que passa se eu sou um homem que não gosta de arriscar a minha vida a conduzir um carro por cima dos 110 qm/h?

Se tivesse mala sorte de nascer homem, mostrar os meus sentimentos ou as minhas emoções seria um ato de fraqueza. Não poderia expressar medo, tristeza, dor, ou mesmo chorar diante dos meus amigos e familiares homens.

E quem é capaz de viver assim?


Eu, na verdade, não.

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